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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Assessor de Imprensa X Jornalista de Redação


Estou eu navegando na net, sem compromisso, numa noite gostosa de sexta-feira, quando Fernando Lima me sugere fazer um texto sobre a relação "jornalista" versus "assessor de imprensa". "Mamílos, polêeeemico", eu digito no bate papo do face, fazendo alusão ao famoso meme da net (veja aqui - http://migre.me/9SXeI), e ele ri. Concentro-me e começo a organizar as ideias: primeiro concluo que a palavra que define essa conturbada relação não é polêmica, mas preconceito, afinal, o assessor de imprensa é o quê, se não um jornalista? Então, de cara, a gente começa essa reflexão derrubando esse mito - a questão deste artigo não é "jornalista" versus "assessor de imprensa", mas "jornalista de redação" versus "jornalista de assessoria". 
Depois, ao definirmos os termos, vem a reflexão em si dessa relação. Sem coerência, ela não chega a lugar nenhum, e graças à incoerência, em muitos casos, ela vem gerando mais transtornos e desserviços que notícias úteis. 
Para entender a coerência, é preciso refletir o papel do jornalista de redação nos dias atuais: este é um profissional massacrado pelos prazos e pela ganância do grupo de comunicação, que a cada dia contrata menos profissionais e, com isso, acumula mais trabalho para um único empregado. O resultado disso é o pouco tempo para apurar... Do outro lado tem o jornalista de assessoria: em muitos casos, assessor de órgãos que têm o que dizer; em outros, garimpador de espaços; mas sempre um profissional preso ou à burocracia ou à falta de profissionalismo de seu chefe ou superior, que com isso demora a respoder às demandas do "jornalista de redação" e, assim, tem-se um o grande problema, que é o ruído na relação do "jornalista de redação" com o "jornalista de assessoria".
É preciso equilíbrio de ambas as partes: ao "jornalista de assessoria", que tanto quer um espaço nos veículos, que seja rápido e ético não apenas quando a pauta é positiva mas, também, quando tiver que responder sobre um problema - o assessor não está nessa função para camuflar nada, mas, ao contrário, fazer uso da ética que tanto discutiu na faculdade para orientar as gestões - públicas ou privadas - aos quais presta serviço. Afinal, o assessor é antes de tudo um cidadão; E ao "jornalista de redação" vale confiar que o assessor é igualmente ético e parceiro, não uma barreira até a informação. 
É óbvio que outras questões põem lenha nessa fogueira, mas acredito que essas posturas - coerência, respeito e ética - são os primeiros nortes para essa relação ser menos conturbada. Na minha vida profissional, já passei pelos dois lados da moeda, e um evento, em particular, me marcou muito. Uma produtora da TV Jornal recebeu ligações de alunos de um curso de qualificação que estavam com bolsas atrasadas, e, paralelo à gravação dos alunos, começou a apurar com a secretaria o que estava havendo - o assessor era eu. Mesmo com a explicação dada aos questionamentos da produtora, a matéria foi ao ar sem nossa resposta, pintando a secretaria como a vilã da ocasião. O programa fazia a linha serviço. Ético, recebi uma bronca de meus coordenadores mas segui. Mas não foram poucos os que disseram: "não passa mais pauta para eles", mas que direito tenho eu de prender a informação?
O dia de amanhã é incerto, mas quantos não são os "jornalistas de redação" que, de tempos em tempos, saem da redação e vão para a assessoria? Desdenhar o assessor de depois ir ganhar dinheiro nessa função não é bonito. Independente dos rumos, que a postura de todos os jornalistas seja coerente, respeitosa e ética, seja na redação ou na assessoria. Pense...


Leonardo Lemos.

Leonardo Lemos é natural de Afogados da ingazeira (PE), formou-se em Jornalismo pela Unicap em 2011 e faz pós graduação em Assessoria de Comunicação pela Esurp; Atualmente, ele trabalha para o Governo do Estado e faz freelas; também administra o blog Contrata-se (http://estagio-jornalismo.blogspot.com.br/). No Twitter ele é @leoBlemos e no face é fb.com/leoblemos

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